Peço desculpas por não enviar o gabarito das atividades postadas anteriormente, mas tentarei disponibilizar sugestões de respostas para as próximas postagens. Este está sendo um ano de muito trabalho e pouco tempo. Conto com a compreensão de todos. 28/11/16.

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Interpretação de texto para 7º e 8º ano

A diversidade como riqueza 
                — Estava aqui pensando... A gente acaba convivendo com tantas coisas diferentes no dia a dia...
                — Será que ainda vamos entender tudo isso?
                — E, mesmo que a gente entenda, será que vamos ter de achar tudo bom?
                — Deus me livre! Só faltava eu ter de gostar de miolo! Será que não vamos mais poder fazer só o que gostamos?
                Gostar de tudo é a questão que queremos discutir, afinal gostamos mais daquilo com que estamos acostumados. Se desde pequenos comemos bife e batata frita, vai ser difícil passarmos a comer miolo. Entretanto, acredite, há pessoas que gostam de miolo!
                Do mesmo jeito, se só vemos filme de ação, será que vamos acompanhar com prazer um filme que se desdobra lentamente, por meio da apresentação de aspectos psicológicos dos personagens? Mas, por sua vez, tem gente que gosta tanto de drama como de comédia, de ficção científica e até de filme de arte.
                Com relação a pessoas acontece o mesmo: gostamos dos nossos amigos porque temos alguma coisa em comum com eles, porque desenvolvemos uma relação de amizade ao longo do tempo, não de uma hora para outra. O que não quer dizer que as únicas pessoas legais do mundo sejam os nossos amigos! Existem muitas outras pessoas que podemos conhecer e admirar!
                O importante é compreender que a diversidade existente no mundo é uma riqueza, é uma fonte inesgotável de novas possibilidades para cada um de nós. Conhecer outros modos de pensar, de viver, de falar, de crer nos dá a possibilidade de ver o mundo por uma perspectiva diferente daquela com a qual estamos acostumados. Dessa forma a nossa compreensão do mundo se amplia e temos a oportunidade de escolher como queremos conduzir a nossa vida.
                Assim como temos o direito de ser a pessoa que somos e de escolher o que queremos para nós, os outros também têm esse mesmo direito. Portanto, o respeito mútuo é a chave da vida em sociedade: respeito pela natureza, por todos os seres humanos, pelas diferentes culturas como expressões de experiências de vida e de necessidades diversas.
                [...]
                Considerando o mundo cultural, vemos que a riqueza se torna quase infinita. Da Pré-História até nossos dias, quantas realizações humanas! Realizações políticas, religiosas, artísticas. Acrescentam-se as formas de convivência social, familiar, os hábitos de nossa vida diária, os costumes que regem nossa alimentação. Quantas línguas foram criadas nesse espaço de tempo! A criatividade humana é realmente inesgotável e é a pluralidade cultural que torna o mundo atraente, interessante, curioso e surpreendente.
                Cada um de nós nasce e cresce dentro de uma cultura, aprendendo a língua materna seguindo hábitos e costumes de um determinado grupo, crendo em certos princípios e dogmas religiosos. Essa cultura comum fortalece os laços entre os indivíduos do grupo, faz com que eles pensem não só como pessoas isoladas mas também como um conjunto que partilha uma mesma visão de mundo, os mesmos valores.
                Toda essa herança cultural pode ser transformada, alargada em seus horizontes, ao contrário de nossa herança genética, que não pode ser mudada, pelo menos por enquanto. Conhecer uma outra cultura é quase como tornar-se criança outra vez: é enxergar a realidade por outros olhos. Exige de nós o esforço de nos colocarmos dentro de um outro sistema de valores, de usos e costumes para tentar compreendê-los em sua lógica interna.
                 Do ponto de vista cultural, não existe cultura certa e cultura errada, superior ou inferior. A cultura do Rio Grande do Sul, por exemplo, não é melhor ou pior do que a cultura do Piauí, assim como a cultura norte-americana e a européia não são superiores à cultura brasileira. Cada cultura é adequada ao grupo que a cria para expressar a visão de mundo específica desse grupo.
                Muitas vezes, o modo pelo qual nos habituamos a viver, a pensar o mundo e a nos relacionar com o divino pode nos parecer como sendo o único modo certo. Entretanto, os outros modos culturais não são errados, são apenas diferentes. Não precisamos adotá-los, só respeitá-los, reconhecendo que têm tanto valor quanto os nossos. Comer com hashi (aqueles pauzinhos japoneses) é diferente de comer com os dedos ou com a colher e o garfo. Só isso.
                É claro, porém, que cada cultura propõe valores que sempre podem ser analisados no sentido de saber se são adequados a toda a humanidade. Sabemos que existem obras de cultura que promovem a violência, o racismo, o preconceito. É só ligarmos a televisão para encontrarmos exemplos disso em filmes, novelas e programas de variedades. Essa “cultura” precisa ser recusada porque nos leva à barbárie, ao caos, e não nos ajuda a nos tornar mais humanos. Cultura é “aquilo que é cultivado, cuidado”, que cimenta as relações humanas e ajuda a criar uma sociedade mais justa.
                O conhecimento de outras culturas, portanto, nos torna mais flexíveis, mais tolerantes, mais respeitosos. Acima de tudo, esse conhecimento nos possibilita descobrir do que realmente gostamos e do que não gostamos; afina o nosso gosto, abre alternativas para a construção de um projeto de vida mais rico, diferente e único. Porque é o nosso projeto, de ninguém mais.
                Conhecimento sozinho não basta. É necessário que ele venha acompanhado da prática cotidiana do respeito e da tolerância por todos aqueles que são diferentes de nós ou que pensam de modo diferente, a partir de outros valores igualmente humanos.
Maria Helena Pires Martins. Somos todos diferentes!: convivendo com a diversidade do mundo. São Paulo: Moderna, 2001.p.42-6. (Aprendendo a com-viver).
 Dogmas: crenças.
Barbárie: selvageria.
                                                                                                        
1.       O texto é construído com base em uma ideia central.
a)       Que ideia é essa?
b)       De acordo com o texto como as pessoas devem agir em relação à diversidade cultural?
c)       Segundo a autora, qual é a importância de conhecer outras culturas?
 2.       A autora explica o porquê de gostarmos de uma coisa e não de outra. Qual é a justificativa que ela dá para isso?
3.       Em determinado momento do texto, é explicado como as pessoas se inserem em uma cultura. De que forma isso ocorre?
 4.       O texto evidencia a riqueza cultural, destacando seus aspectos positivos, porém cita alguns exemplos negativos exibidos em filmes, novelas e programas de televisão.
a)       Identifique alguns aspectos negativos.
b)       Segundo a autora, por que eles devem ser evitados?
5.       Em relação a outras culturas, a autora afirma que não é necessário tomá-las como nossas. No entanto, destaca que é preciso aprendermos a respeitá-las, para que sejamos mais flexíveis e tolerantes com a diversidade. O que a autora propõe para isso?
6.       De acordo com o texto, a diversidade “nos dá a oportunidade de ver o mundo por uma perspectiva diferente daquela com a qual estamos acostumados.”. Explique essa afirmação.
 7.       Releia o seguinte trecho:
Assim como temos o direito de ser a pessoa que somos e de escolher o que queremos para nós, os outros também têm esse mesmo direito. Portanto, o respeito mútuo é a chave da vida em sociedade...
a)       Alguma vez você se sentiu desrespeitado ou presenciou uma atitude de desrespeito por outras pessoas? Como você se sentiu?
b)       É possível afirmar que atitudes como as indicadas nesse trecho podem contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, sem preconceitos e rica culturalmente? Por quê?
 Explorando a linguagem
1.       Releia o seguinte trecho: “Entretanto, acredite, há pessoas que gostam de miolo!”.
a)       A quem a autora está se dirigindo? Explique sua resposta.
b)       Quais palavras a seguir podem substituir o termo em destaque, mantendo o sentido da frase?       mas – nem – porém – logo
c)       Que sentido essa palavra atribui à ideia expressa: soma, oposição ou conclusão?
2.       As reticências assumem diferentes funções de acordo com o contexto em que são inseridas. Elas podem interromper uma ideia, marcar uma hesitação ou também apelar para a imaginação do leitor.
Com que objetivo as reticências forma empregadas no trecho: “— Estava aqui pensando... A gente acaba convivendo com tantas coisas diferentes no dia a dia...”?
3.       No trecho “Comer com hashi [...]”, por que o termo foi destacado em itálico?



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