Peço desculpas por não enviar o gabarito das atividades postadas anteriormente, mas tentarei disponibilizar sugestões de respostas para as próximas postagens. Este está sendo um ano de muito trabalho e pouco tempo. Conto com a compreensão de todos. 28/11/16.

domingo, 27 de maio de 2012

Interpretação de crônica - 9º ano


Luto pela família Silva
A assistência foi chamada. Veio tinindo. Um homem estava deitado na calçada. Uma poça de sangue. A Assistência voltou vazia. O homem está morto. O cadáver foi removido para o necrotério. Na seção dos "Fatos Diversos" do Diário de Pernambuco, leio o nome do sujeito: João da Silva. Morava na Rua da Alegria. Morreu de hemoptise.
                João da Silva - Neste momento em que seu corpo vai baixar à vala comum, nós, seus amigos e seus irmãos, vimos lhe prestar esta homenagem. Nós somos os Joões da silva. Nós somos os populares Joões da Silva. Moramos em várias casas e em várias cidades. Moramos principalmente na rua. Nós pertencemos, como você, à família Silva. Não é uma família ilustre; nós não temos avós na história. Muitos de nós usamos outros nomes, para disfarce. No fundo, somos os Silva. Quando o Brasil foi colonizado, nós éramos os degredados. Depois fomos os índios. Depois fomos os negros. Depois fomos os imigrantes, mestiços. Somos os Silva. Algumas pessoas importantes usaram e usam o nosso nome. É por engano. Os Silva somos nós. Não temos a mínima importância. Trabalhamos, andamos pelas ruas e morremos. Saímos da vala comum da vida para o mesmo local da morte. Às vezes, por modéstia, não usamos nosso nome de família. Usamos o sobrenome "de Tal". A família Silva e a família "de Tal" são a mesma família. E, para falar a verdade, uma família que não pode ser considerada boa família. Até as mulheres que não são de família pertencem à Silva.
                João da Silva - nunca nenhum de nós esquecerá seu nome. Você não possuía sangue-azul. O sangue que saía de sua boca era vermelho - vermelhinho da silva. Sangue de nossa família. Nossa família, João, vai mal em política. Sempre por baixo. Nossa família, entretanto, é que trabalha para os homens importantes. A família Crespi, a família Matarazzo, a família Guinle, a família Rocha Miranda, a família Pereira Carneiro, todas essas famílias assim são sustentadas pela nossa família. Nós auxiliamos várias famílias importantes na América do Norte, na Inglaterra, na França, no Japão. A gente de nossa família trabalha nas plantações de mate, nos pastos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fábricas, nas minas, nos balcões, no mato, nas cozinhas, em todo lugar onde se trabalha. Nossa família quebra pedra, faz telha de barro, laça os bois, levanta os prédios, conduz os bondes, enrola o tapete do circo, enche os porões dos navios, conta o dinheiro dos Bancos, faz os jornais, serve no Exército e na Marinha. Nossa família é feito Maria Polaca: faz tudo.
                Apesar disso, João da Silva, nós temos de enterrar você é mesmo na vala comum. Na vala comum da miséria. Na vala comum da glória, João da Silva. Porque nossa família um dia há de subir na política.
(BRAGA, Rubem. Luto da família Silva. In: Para gostar de ler. 4. Ed. São Paulo, Ática: 1984.)

1)      De acordo com o que se diz no primeiro parágrafo, o que aconteceu com João da Silva? Como isso aconteceu?
De acordo com o primeiro parágrafo, João da Silva morreu de hemoptise. Ao verem o corpo de João na calçada, chamaram a assistência, mas ela não pôde fazer nada, uma vez que o sujeito já estava morto. Sendo assim, o homem então foi levado para o necrotério.
Obs.: Hemoptise é a expectoração sanguínea através da tosse, proveniente de hemorragia nas vias respiratórias. É comum a várias doenças cardíacas e pulmonares.
2)      Quem fala e para quem no primeiro parágrafo? E do segundo parágrafo em diante?
No primeiro parágrafo da crônica, quem fala parece ser alguém que não tem intimidade com o morto, tendo em vista a linguagem impessoal e objetiva utilizada para noticiar a morte de João da Silva.  Entretanto, do segundo parágrafo em diante, ocorre uma mudança de foco narrativo, isto é, passa-se a se utilizar a primeira pessoa do plural. Daí em diante quem fala são os amigos e familiares de João da Silva se dirigindo ao próprio defunto. Isso fica claro em passagens como: “Neste momento em que seu corpo vai baixar à vala comum, nós, seus amigos e irmãos, vimos lhe prestar esta homenagem”.
3)      O que significa o fato de a morte do personagem ter sido noticiada na seção dos "Fatos Diversos" do Diário de Pernambuco?
A expressão “Fatos Diversos” indica que qualquer fato pode ser noticiado nesta seção, ou seja, são fatos sem importância e que não têm distinção uns dos outros, que não merecem serem publicados numa seção de maior destaque no jornal.
4)      Quem são, de fato, os Joões da Silva citados pelo autor no trecho: “Nós somos os populares Joões da Silva”?
Os Joões da Silva que não tiveram muitas oportunidades na vida e que, por isso, geralmente ocupam os cargos cuja remuneração é mais baixa, vivem sob condições precárias de vida, não têm acesso à educação de qualidade. Esses Joões da Silva são as pessoas socialmente menos privilegiadas da sociedade e que, consequentemente, sofrem mais com os efeitos da desigualdade social.
5)      Veja o seguinte trecho da crônica de Rubem Braga: “Muitos de nós usamos outros nomes, para disfarce. No fundo, somos os Silva. [...] Usamos o sobrenome ‘de Tal’ ”. O que significa usar o sobrenome ‘de Tal’ e por que se diz que “No fundo, somos os Silva.”?
Silva é um sobrenome popular, muito comum, que não distingue as pessoas. Usar outro sobrenome “de Tal” seria uma forma de tentar não pertencer a essa família estigmatizada, sem privilégios e que sofre por pertencer a uma camada social que sobrevive com poucos recursos financeiros e condições precárias.
6)      Quando se diz “Até as mulheres que não são de família pertencem à família Silva”, quem são essas mulheres e por que se usa a palavra “até”?
Mulher que não é de família é uma expressão que nos remete a mulheres entregues à prostituição, à vida promíscua. Sendo assim, utiliza-se a expressão até para mostrar o quanto as associações que se fazem à família Silva são pejorativas, ou seja, tudo ou quase tudo que há de ruim, de marginal, de servil, tem relação com a família Silva.
7)      Quando se refere ao sepultamento de João da Silva, o autor utiliza a expressão “vala comum”. Com que intenção ela foi utilizada no texto?
Essa expressão foi utilizada para mostrar que os Silva não têm direito a sepultamento pomposo, com cerimônias de despedida ou coisa parecida. Pelo contrário, os Silva são todos enterrados num lugar comum, indiferente.
8)      Você acha que os Silva estão sempre fadados a terminar numa “vala comum”? Justifique sua resposta.
Seria interessante nessa pergunta o professor trabalhar com a questão da comodidade, a princípio, característica injustamente associada do brasileiro. Comodidade essa que não deixaria um Silva ascender socialmente e que os torna fadados a terminarem na vala comum. Consequentemente, ao se falar em comodismo, certamente surgirão questões relacionas à desigualdade social, pois tudo parte daí. E uma vez trabalhando em prol da igualdade na sociedade, pode-se mudar essa “pré-destinação” dos Silva, por exemplo.
9)      No texto, são citadas várias famílias, como: “A família Crespi, a família Matarazzo, a família Guinle, a família Rocha Miranda, a família Pereira Carneiro, todas essas famílias assim são sustentadas pela nossa família.”. Qual a diferença entre essas famílias e a família Silva?
A diferença é que essas famílias têm sobrenomes tradicionais, nobres, sobrenomes esses geralmente associados a famílias ricas, que têm poderes e privilégios na sociedade. Diferentemente da família Silva, cujo sobrenome tem forte relação, na sociedade, com sobrenomes de famílias mais humildes, mais populares. Daí a importância associada a um sobrenome como Rocha Miranda e o desprivilegio associado a sobrenomes como Silva. É como se o sobrenome servisse de identidade para mostrar a que classe social o indivíduo pertence.
10)   Como os Silva auxiliam essas famílias? O que há em comum entre essas profissões?
Os Silva auxiliam essas famílias nas plantações de mate, nos pastos, nas fazendas, nas usinas, nas praias, nas fábricas, nas minas, nos balcões, no mato, nas cozinhas, quebrando pedra, fazendo telha de barro, laçando os bois, levantando os prédios, conduzindo os bondes, enchendo os porões dos navios, enfim, exercendo uma série de profissões que geralmente remuneram mal o funcionário. Sendo assim, os Silva geralmente são fadados a ocuparem as profissões de baixo prestígio na sociedade.
11)   Rubem Braga termina sua crônica utilizando a palavra “Apesar”. Justifique o uso dessa conjunção ao final do texto.
O apesar, utilizado no final do texto, mostra-nos que, mesmo sendo uma pessoa digna, de valor, mesmo tendo trabalhado toda uma vida, João da Silva será enterrado como qualquer um, na “vala comum da miséria”.  Mas, mesmo assim, há um desejo manifestado pelo narrador de que os Silvas ainda serão reconhecidos, ainda terão poder político (“nossa família um dia há de subir na política”).

Interpretação de texto com a música "O meu guri", de chico Buarque

O Meu Guri
(HOLANDA, Chico Buarque de. Álbum Almanaque, 1981)


Quando, seu moço
Nasceu meu rebento
Não era o momento
Dele rebentar
Já foi nascendo
Com cara de fome
E eu não tinha nem nome
Prá lhe dar
Como fui levando
Não sei lhe explicar
Fui assim levando
Ele a me levar
E na sua meninice
Ele um dia me disse
Que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega suado
E veloz do batente
Traz sempre um presente
Prá me encabular
Tanta corrente de ouro
Seu moço!
Que haja pescoço
Prá enfiar
Me trouxe uma bolsa
Já com tudo dentro
Chave, caderneta
Terço e patuá
Um lenço e uma penca
De documentos
Prá finalmente
Eu me identificar
Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega no morro
Com carregamento
Pulseira, cimento
Relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar
Cá no alto
Essa onda de assaltos
Tá um horror
Eu consolo ele
Ele me consola
Boto ele no colo
Prá ele me ninar
De repente acordo
Olho pro lado
E o danado já foi trabalhar
Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí!
Olha aí!
É o meu guri e ele chega!
Chega estampado
Manchete, retrato
Com venda nos olhos
Legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente
Seu moço!
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato
Acho que tá rindo
Acho que tá lindo
De papo pro ar
Desde o começo eu não disse
Seu moço!
Ele disse que chegava lá
Olha aí! Olha aí!
Olha aí!
Ai o meu guri, olha aí
Olha aí!
E o meu guri!...(3x)

1)      Quem fala nessa música? Para quem se fala? Comprove sua resposta com elementos da letra.

2)      O que significa dizer: “Não era o momento dele rebentar”?

3)      Quais são as possíveis condições socioeconômicas do eu lírico? Justifique sua resposta com elementos da música.

4)      Quando se diz: “Como fui levando/Não sei lhe explicar/Fui assim levando/Ele a me levar”, quais os possíveis sentidos do verbo levar aí? Levar o quê?

5)      A expressão “Chegar lá” é muito comum na nossa sociedade. Qual sentido ela adquire na letra d’O meu guri?

6)      A expressão “Olha aí” aparece várias vezes durante a música. Ela aparece sempre com o mesmo sentido? Explique.

7)      Que visão a mãe tem do filho e do trabalho dele?

8)      O guri parece ser um rapaz trabalhador? Justifique sua resposta.

9)      O guri levou para a mãe uma “bolsa já com tudo dentro”, e ela, inocentemente, achou que era um presente. E você, no lugar da mãe, como interpretaria essa situação?

10)   Explique os possíveis sentidos que o trecho “Chega suado/E veloz do batente” pode ter.

11)   Veja o seguinte trecho: “Um lenço e uma penca/De documentos/Pra finalmente/Eu me identificar”. Que sentido a palavra finalmente traz para o trecho em questão?

12)   O trecho “É o meu guri e ele chega!/ Chega estampado/Manchete, retrato/Com venda nos olhos/Legenda e as iniciais” revela uma cena. Que cena é essa? O que aconteceu?

13)   Por que, depois dessa cena, o guri apareceu com venda nos olhos e, na legenda, só apareceram as iniciais?

14)   Por que, depois dessa cena, o eu lírico diz: “Desde o começo eu não disse/Seu moço!/Ele disse que chegava lá!”? Ele realmente chegou lá? Explique.


Gabarito:
1)      Quem fala na música é uma mãe que se dirige ao “seu moço”, o qual parece representar a comunidade em geral. Para se dirigir ao povo, ela faz o uso de uma espécie de vocativo: “Seu moço,”. Esse povo pode ser também uma pessoa apenas, como por exemplo, um policial que aparece no desfecho da história, ou um jornalista, a contar a verdade desse guri para essa mãe. E há passagens que comprovam que se trata de uma mãe, como, por exemplo: “Nasceu meu rebento” e “Ai o meu guri, olha aí!”. O uso do pronome possessivo ‘meu’, nos dois trechos, revela que se trata de uma mãe a falar do filho. Além disso, os personagens dessa música podem servir de metonímia daqueles que não têm projeção social nem perspectiva de vida na sociedade contemporânea, uma vez que os personagens não têm nome, podem, portanto, representar a história de qualquer um.

2)      Significa que, no momento em que o guri nasceu, a mãe não estava preparada para recebê-lo nem para cuidar dele, seja psicológica ou financeiramente falando. Com isso, pode-se perceber que ela teve uma gravidez não planejada e sem a presença do pai da criança.

3)      Provavelmente o eu-lírico possui condições socioeconômicas precárias. Podemos perceber isso por meio da realidade que se revela em trechos como: “E eu não tinha nem nome//Pra lhe dar//Como fui levando//Não sei lhe explicar//Fui assim levando//Ele a me levar”; “...e uma penca//De documentos//Pra finalmente//Eu me identificar”; “Chega no morro”. Tais trechos nos mostram que essa mãe mora na periferia, ao utilizar a palavra ‘morro’, e que ela sequer tinha documentos, embora já mais madura. Além disso, quando ela diz: “E eu não tinha nem nome//Pra lhe dar”, o ‘nem’ revela que havia outras coisas, além do nome, que ela também não podia dar ao filho, como, por exemplo, comida, escola, qualidade de vida.

4)      Os trechos “como fui levando” e “fui assim levando” denotam que a mãe foi criando o filho sem ter boas condições financeiras. Nessas expressões, o verbo ‘levar’ se relaciona à criação do filho, ao modo como ela ia sobrevivendo. Já no trecho “Ele a me levar”, o verbo ‘levar’ apresenta outros sentidos, o sentido de que o filho ajudava a mãe em casa e também no sentido de que ele a enganava, ato ao que, popularmente, referimo-nos por meio de expressões como: “levar no bico/no papo/na lábia”.

5)      A expressão “Chegar lá”, muito comum na nossa sociedade, significa ascender socialmente, financeiramente e, talvez, intelectualmente, ou seja, chegar em um patamar que nos permite ter boa qualidade de vida. Além disso, pessoas que ‘chegam lá’, pessoas bem sucedidas costumam aparecer no jornal. Na letra d’O meu guri, a expressão diz respeito a uma ascensão social, entretanto, para ascender socialmente, o guri se valia de meios ilícitos, que vão contra as regras sociais, ou seja, ele queria ter qualidade de vida sem esforço, queria ganhar dinheiro facilmente.

6)      Não. Ora ela aprece com o sentido de “Olha bem”, “Preste atenção”, ora com o sentido de “Olhe na fotografia”.

7)      A mãe enxerga de forma inocente o “trabalho” do filho. Ao vê-lo sair de casa sempre muito cedo, chegar sempre cansado, suado e com muitas coisas para a casa, ela imaginava que ele era um rapaz cujo trabalho era honesto, o que, na verdade, não era

8)      Aparentemente, sim. Uma vez que ele sempre sai de casa cedo, o que é comum na vida de muitos trabalhadores, e sempre chega cansado e suado, uma característica muito associada, nos dias de hoje, a pessoas que trabalham muito, arduamente. Por outro lado, é possível desconfiar do “trabalho” desse guri, uma vez que, em momento algum se fala onde ele trabalha, com o que ele trabalha, e , ainda assim, ele sempre chega com artigos de valor em casa.

9)      Nessa questão, o professor deve levar os alunos a problematizarem a postura dessa mãe, ou seja, julgarem se ela agia corretamente, se ela sabia, de fato, ou não das coisas que o filho fazia e se, hoje, é possível existir uma mãe assim, com essa postura.

10)  A princípio, pode se imaginar que o guri chega suado por ter trabalhado muito, isso porque a palavra ‘batente’ é associada a trabalho. Entretanto, quando se diz que ele chegava suado e veloz, isso pode significar que ele estava fugindo, ou da polícia ou de outras pessoas, já que roubava. Mas, para a mãe, ele vinha do ‘batente’, e, como a história da música é contada sob a perspectiva da mãe, utilizou-se a palavra ‘batente’ para se referir ao “trabalho” pesado que o guri desempenhava.

11)  A palavra mostra que a mãe, dada sua situação socioeconômica, ainda não tinha documentos. O ‘finalmente’ nos mostra que essa identificação vem de forma tardia, já que o natural é termos essa identificação desde crianças.

12)  Trata-se de uma cena em que a mãe vê o filho morto no jornal. Provavelmente em uma tentativa de fuga, o filho não escapara e fora morto. Por isso, o nome dele e a manchete noticiando o fato no jornal.

13)  Porque o guri era menor de idade. Quando se é menor de idade, em casos policiais, não se podem divulgar o nome da pessoa nem a imagem nítida de seu rosto em meios de comunicação.

14)  Como o “chegar lá” possui vários sentidos, há várias possibilidades, tanto sob a perspectiva da mãe quanto sob a perspectiva do filho. A expressão ode se referir a se tornar o chefe dos bandidos, virar celebridade, ficar famoso, ficar rico, etc. Nessa questão, o professor deve levar os alunos a perceberem as dificuldades existentes hoje para se ascender socialmente. Para isso, pode-se discutir: a exclusão social, os meios de se ascender socialmente hoje, o que leva algumas pessoas a roubarem, como se pode resolver essa situação hoje, etc.


Atividade do Projeto Redigir UFMG

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Interpretação de texto - 6º ano - continuação



E a história continua! Veja o que aconteceu...
Pedrinho gostou logo do seu trabalho.
Para Pedrinho, era o mais bonito de todos.
Ficar lá em cima do mastro mais alto, numa cestinha, e ir avisando tudo o que via.
Aprendeu logo as palavras diferentes que os marujos usavam e, logo que havia alguma coisa, gritava, muito importante:
- Nau capitânia a bombordo...
- Baleias a estibordo...

Depois de alguns dias, Pedrinho viu ao longe as ilhas Canárias, mais tarde, as ilhas de Cabo Verde.
E depois não se viu mais nenhuma terra.
Somente céu e mar, mar e céu.
E peixes, que pulavam fora da água, como se voassem.
E baleias, que passavam ao longe, espirrando colunas de água.
Pedrinho viu noites de lua, quando o mar parecia um espelho.
E noites de tempestade, quando as ondas, enormes, pareciam querer engolir o navio.
E dias de vento, e dias de calmaria.

Até que um dia...
Até que um dia, boiando sobre as águas, Pedrinho avistou alguma coisa.
O que seria?
Folhas, galhos, parecia.
De repente, uma gaivota, voando seu vôo branco contra o céu.
Pedrinho sabia o que isso queria dizer:

- Sinais de terra!!!
Todos vieram olhar e houve grande alegria.
- Sinais de terra!!!
E todos trabalharam com mais vontade.
Até que, no outro dia, Pedrinho avistou, ao longe, o que parecia um monte.
E gritou o aviso tão esperado:

- Terra à vista!
E como era o dia da Páscoa, o monte recebeu o nome de Monte Pascoal.

E no outro dia chegaram mais perto e viram.
A praia branca, a mata fechada...

- Deve ser uma ilha – diziam todos.
Pedrinho, lá do alto, enxergava melhor:
- A praia está cheia de gente...

Os navios procuraram um lugar abrigado e lançaram suas âncoras.
E esse lugar se chamou Porto Seguro.
E Pedrinho viu o que havia do outro lado do mar.
Era uma terra de sol, terra de matas, terra de mar...

Do outro lado do mar viviam pessoas.
Homens, mulheres, meninos, meninas.
Todos muito morenos, enfeitados de penas, pintados de cores alegres: índios.

Viviam pássaros de todas as cores.
Cobras de todos os tamanhos.
Feras de todas as bravezas.
Do outro lado do mar viviam meninos índios que pensavam:
- O que é que existe do outro lado do mar?

Adaptação: ROCHA, Ruth. Faz muito tempo. São Paulo: Editora Ática, 2000.


............................................................................................................................................................................
1- Todos os marinheiros tinham um trabalho a realizar. Qual era a função de Pedrinho?
2- Os marinheiros têm uma linguagem diferente, que usam quando estão navegando. Transcreva o trecho em que essas palavras aparecem.

O que é que existe do outro lado do mar?”[...]
3- Essa fala é utilizada por personagens da história, em dois momentos e em dois lugares diferentes. Quem são esses personagens?
4- Onde se encontravam Pedrinho e os meninos índios ao se perguntarem o que havia do outro lado do mar?
5 - Explique com suas palavras, por que isso ocorre.
6 - Em 1500, as viagens pelo mar demoravam muito, pois as caravelas (barcos) dependiam do vento para se movem no mar. Depois de algum tempo de viagem, Pedrinho teve um sinal de que estava se aproximando de terras. Que sinal foi esse?
8- Que nome os navegantes deram às terras? Por quê?
9- Retire do texto um trecho que revela as características da terra avistada.
7- Escreva a frase que Pedrinho utilizou para dizer que avistava terra.

“─ Ó menino, tu queres ser marinheiro? Pedrinho arregalou os olhos.”

10- Explique, com suas palavras, o significado da expressão “arregalou os olhos”.
11- A pergunta que Pedrinho fez ao pai, no início da história, foi respondida.
a) Quando isso ocorreu?
b) Transcreva o trecho que revela o que Pedrinho encontrou do outro lado do mar.
12- A curiosidade sobre o que havia do outro lado do mar não estava somente na cabeça de Pedrinho. Do outro lado do mar, para onde Pedrinho viajava, também havia curiosidade em seus habitantes. Escreva o trecho em que é possível identificar esse fato.

domingo, 6 de maio de 2012

Interpretação de texto - 6º ano


Faz muito tempo

Foi em 1500, em Portugal, do outro lado do mar.
Havia um menino chamado Pedrinho.
E havia o mar.
Pedrinho amava o mar.
Pedrinho queria ser marinheiro.
Tinha alma de aventureiro.

Perguntava sempre para o pai:
- O que é que há do outro lado do mar?
O pai sacudia a cabeça:
- Ninguém sabe, meu filho, ninguém sabe...
Naquele tempo, ninguém sabia o que havia do outro lado do mar.

Um dia, o padrinho de Pedrinho chegou.
O padrinho de Pedrinho era viajante.
Chegou da Índias.
Trouxe de suas viagens coisas que as pessoas nunca tinham visto...
Roupas bordadas de lindas cores...
Doces de gostos diferentes...
E os temperos, que mudavam o gosto da comida?
E as histórias que ele contava?
De castelos, de marajás, de princesas, de tesouros...
Pedrinho ouvia, ouvia e não se cansava de ouvir.
Até que o padrinho convidou:
- Ó menino, tu queres ser marinheiro?
Pedrinho arregalou os olhos.
- Não tens medo, ó Pedrinho?
Pedrinho bem que tinha medo.
Mas respondeu:
- Que nada, padrinho, homem não tem medo de nada.
- Pois, se teu pai deixar, embarcamos na semana que vem.
- Pra onde, padrinho?
- Para o outro lado do mar, Pedrinho.

Quando chegaram ao porto, que beleza!
Quantas caravelas, de velas tão brancas!
Pedrinho nunca tinha visto tantos navios juntos.
- Quantos navios, padrinho! Para onde vão?
- Pois vão conosco, Pedrinho, vão atravessar o mar.

Pedrinho embarcou.
No dia da partida houve grandes festas.
Pedrinho viu, do seu navio, quando o rei, Dom Manoel, se despediu do chefe da expedição, Pedro Álvares Cabral.
E esperaram chegar o vento. E quando o vento chegou, as velas se enfunaram e os navios partiram.

E a grande viagem começou.[...]

Vamos fazer uma pausa na história para saber mais sobre os personagens.

1-       Pedrinho tinha um desejo. Que desejo era esse?
2-       Transcreva o trecho que explica a razão desse desejo.
3 - O padrinho de Pedrinho perguntou se ele queria ser marinheiro. Qual a condição apresentada pelo padrinho para deixar o menino viajar? Transcreva o trecho que justifica sua resposta.
3-       O narrador apresenta dois personagens que são parentes de Pedrinho. Quem são esses personagens?

Logo no início da história, há indicações do lugar e do ano em que a história se passa.
1-       Transcreva o trecho em que você encontra essas informações.
2-       Estamos no ano de 2012. Quanto tempo faz que a história contada ocorreu?
3-        Volte ao texto e descubra quem está falando!
a)       ─ Ninguém sabe,meu filho, / Ninguém sabe...
b)       “Foi em 1500, em Portugal, /Do outro lado do mar, /Havia um menino / Chamado Pedrinho.”
c)       “─ O que é que há do outro lado do mar?”

4- Lendo o trecho abaixo, é possível retirar algumas informações sobre o padrinho de Pedrinho .

“Um dia, o padrinho de Pedrinho chegou de uma viagem que havia feito às Índias. Trouxe coisas que as pessoas nunca tinham visto... Roupas bordadas de lindas cores, doces de gostos diferentes e temperos que mudavam o gosto da comida... E as histórias que ele contava? De castelos, de marajás, de princesas, de tesouros...”

a)       O padrinho estava chegando de viagem. De que lugar ele chegava?
b)       Ele comprou mercadorias nas Índias. Quais foram elas?
c)       O padrinho de Pedrinho gostava de contar histórias. Quais eram os temas das histórias que ele contava?

Também podemos apresentar características de objetos, de comidas, de roupas e muito mais.
4-       Releia o trecho da questão 4 e destaque as características das roupas, doces e temperos.
6- Agora leia o trecho a seguir e destaque as características das pessoas, pássaros, cobras e feras.

“Do outro lado do mar viviam pessoas. Homens, mulheres, meninos, meninas. Todos muito morenos, enfeitados de cores alegres: índios. Viviam pássaros de todas as cores. Cobras de todos os tamanhos. Feras de todas as bravezas.”

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