Peço desculpas por não enviar o gabarito das atividades postadas anteriormente, mas tentarei disponibilizar sugestões de respostas para as próximas postagens. Este está sendo um ano de muito trabalho e pouco tempo. Conto com a compreensão de todos. 28/11/16.

domingo, 25 de setembro de 2011

Conto de mistério - Parte I

UM CRIME QUASE PERFEITO - Robert Arlt

            As alegações dos três irmãos da suicida foram checadas. Não tinham mentido. O mais velho, Juan, permanecera das cinco da tarde até a meia-noite (a senhora Stevens se suicidou entre sete e dez da noite) detido numa delegacia, por sua imprudente participação num acidente de trânsito. O segundo irmão, Esteban, estivera no povoado de Lister desde as seis da tarde daquele dia até as nove do seguinte. Quanto ao terceiro, doutor Pablo, ele não se afastara em nenhum momento do laboratório de análise de leite da Cia. Erpa, mais exatamente do setor de doseamento da gordura.
            O curioso é que, naquele dia, os três irmãos tinham almoçado com a suicida, comemorando seu aniverśario, e ela, por sua vez, em nenhum momento deixara entrever uma intenção funesta. Todos comeram alegremente e, às duas da tarde, os homens se retiraram.
            Suas declarações coincidiram em tudo com as da criada que, desde muitos anos trabalhava para a senhora Stevens. Essa mulher, que não dormia no emprego, às sete da noite foi para casa. A última ordem que recebeu foi a de dizer ao porteiro que trouxesse o jornal da tarde. Às sete e dez o porteiro entregou o jornal à senhora Stevens, e o que fez esta antes de matar-se pode ser presumido logicamente. Revisou os últimos lançamentos da contabilidade doméstica, pois a livreta estava na mesa da copa, com os gastos do dia sublinhados. Serviu-se de uísque com água  e nessa mistura deixou cair, aproximadamente, meio grama de cianureto de potássio. Pôs-se a ler o jornal, depois bebeu o veneno e, ao sentir que ia morrer, levantou-se, para logo tombar no chão atapetado. O jornal foi achado entre seus dedos contraídos.
            Tal foi a primeira hipótese, construída a partir de um conjunto de coisas pacificamente ordenadas no interior da residência, mas esse suicídio estava carregado de absurdos psicológicos e não queríamos aceitá-lo. No entanto, só a senhora Stevens podia ter posto o veneno no copo. O uísque da garrafa não continha veneno. A água misturada também era pura. O veneno, claro, podia estar no fundo ou nas paredes do copo, mas esse copo tinha sido retirado de uma prateleira onde havia uma dúzia de outros iguais: o eventual assassino não havia de saber qual copo a senhora Stevens escolheria. De resto, o laboratório da polícia nos informou que nenhum copo tinha veneno em suas paredes.
            A investigação não era fácil. As primeiras provas – provas mecânicas, como eu as chamava – sugeriam que a viúva morrera por suas próprias mãos, mas a evidência de que, ao ser surpreendida pela morte, estava distraída na leitura do jornal, tornava disparatada a ideia de suicídio.
            Essa era a situação quando fui desligado por meus superiores para continuar a investigação. A informação de nosso laboratório era categórica: havia veneno no copo que a senhora Stevens usara, mas a água e o uísque da garrafa eram inofensivos. O depoimento do porteiro era igualmente seguro: ninguém visitara a senhora Stevens depois que lhe entregara o jornal. Se após as diligências iniciais eu tivesse concluído o inquérito optando pelo suicídio, meus superiores nada teriam objetado. Porém, concluir o inquérito  nesses termos era  a confissão de um fracasso. A senhora Stevens tinha sido assassinada e havia certo indício: onde estava o envoltório do veneno? Por mais que revistássemos a casa, não encontramos a caixa, o envelope ou o frasco do tóxico. Aquilo era eloquente.

Glossário
Funesta: que causa a morte; fatal; mortal.
Cianureto de potássio: poderoso veneno.
Hipótese: suposição, conjetura, pela qual a imaginação antecipa  conhecimento, com o fim de explicar ou prever a possível realização de um fato.
Evidência: indicação; indício; sinal; traço.
Eloquente: aquele ou aquilo que é convincente; persuasivo.

1)      Reflita sobre o título do conto: Um crime quase perfeito. O que seria um crime quase perfeito?
Um crime quase perfeito é aquele cuja autoria não se consegue provar.

2)    Qual é o nome da vítima?
Senhora Stevens.
3)    De acordo com o que o narrador nos conta sobre o depoimento das testemunhas e sobre os vestígios encontrados na residência da vítima, reconstitua suas ações nos momentos anteriores à sua morte.
Era dia de seu aniversário. Ela almoçou com seus três irmãos.a empregada foi embora às 19h. às 19h10, o porteiro entregou-lhe o jornal. Ela revisou alguns itens da contabilidade doméstica. Depois começou a ler o jornal. Tomou uísque com água e veneno e pôs-se a ler até começar a sentir-se mal.

4)    Quais foram as últimas pessoas que viram a vítima antes do crime?
A criada e porteiro.

5)    Quem nos narra todo o caso? Reescreva um trecho que comprove sua resposta. Se o trecho selecionado deixar dúvidas, complemente sua resposta com uma explicação.
Quem nos conta um caso é um policial, detetive ou inspetor da polícia. “Essa era a situação quando fui designado por meus superiores para continuar a investigação. A informação de nosso laboratório era categórica”.

6)    Qual é a primeira hipótese apresentada para a morte da senhora Stevens? Por que o narrador crê que ela é disparatada?
Hipótese de suicídio. O narrador crê que essa hipótese é disparatada porque a Sra. Stevens não parecia ter provocado a própria morte e o envoltório do veneno não foi encontrado.

7)    “Envoltório” é tudo aquilo que serve de recipiente para guardar, conservar ou proteger alguma coisa. Quais são as outras três palavras presentes no texto que poderiam substituir o termo “envoltório”?
Caixa, envelope e frasco.

8)    A ausência de veneno nos outros copos do armário reforça a ideia de assassinato ou de suicídio?
De suicídio.

9)    Por que encontrar o envoltório original do veneno seria uma peça fundamental da investigação policial?
O envoltório do veneno poderia indicar quem foi a última pessoa a manuseá-lo, pelas impressões digitais, por exemplo.

10) Na sua opinião, o que aconteceu com a vítima? Por quê?  Resposta pessoal.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

prova 3º ano - Vanguardas europeias e Fernando Pessoa

Avaliação de Literatura – 3º ano – data:____ /___ /____ Valor: 10,0 – Nota:__
aluno(a): _______________________ nº: _____ turma: 01


1 - Assinale a alternativa que menciona somente movimentos artísticos das Vanguardas Europeias.
 a)Barroco, Rococó, Art-nouveau.
b)Expressionismo, Cubismo, Surrealismo.
c)Neoclassicismo, Impressionismo, Romantismo.
d)Pop-art, Dadaísmo, Futurismo.
e)Construtivismo, Concretismo, Naturalismo.

2 - Em 1924, os surrealistas lançaram um manifesto no qual anunciaram a força do inconsciente na criação de novas percepções. Valorizavam a ausência de lógica das experiências psíquicas e oníricas, propondo novas experiências estéticas. Sobre o Surrealismo, é correto afirmar:
a) Acredita que a liberação do psiquismo humano se dá por meio da sacralização da natureza.
b) Baseia-se na razão, negando as oscilações do temperamento humano.
c) Destaca que o fundamental, na arte, é o objeto visível em detrimento do emocionalismo subjetivo do artista.
d) Concede mais valor ao livre jogo da imaginação individual do que à codificação dos ideais da sociedade ou da história.
e) Busca limitar o psiquismo humano e suas manifestações, transfigurando-os em geometria a favor de uma nova ordem.

3 - Assinale a alternativa correta a respeito das três afirmações abaixo.

I – Os heterônimos de Fernando Pessoa nascem de um múltiplo desdobramento de sua personalidade.
II – Alberto Caeiro é o poeta que se volta para o campo, procurando viver em simplicidade.
III – Ricardo Reis é um poeta moderno, que do desespero extrai a própria razão de ser.
a) Apenas a I e a II estão corretas.
b) Todas estão corretas.
c) Apenas a I e a III estão corretas.
d) Nenhuma está correta.
e) Apenas a II e a III estão corretas.

4 - O texto a seguir pode ser tomado como exemplo ilustrativo do estilo de um dos heterônimos de Fernando Pessoa:

“Em febre e olhando os motores como a uma Natureza tropical
- Grandes trópicos humanos de ferro e fogo e força - Canto, e canto o presente, e também o passado e o futuro, ”.

O heterônimo em questão é:
a) Alberto Caeiro      b) Ricardo Reis
c) Bernardo Soares   d) Álvaro de Campos
e) Antônio Mora

5 - Assinale a opção em que todos os movimentos artísticos listados, façam parte da Vanguarda Europeia.

a) Simbolismo, Cubismo, Dadaísmo, Expressionismo e Realismo.
b) Realismo, Cubismo, Simbolismo, Impressionismo e Futurismo.
c) Surrealismo, Cubismo, Naturalismo, Expressionismo e Futurismo.
d) Surrealismo, Cubismo, Dadaísmo, Expressionismo e Futurismo.
e) Surrealismo, Romantismo, Realismo, Expressionismo e Futurismo.


Gabarito:

01
02
03
04
05
04
B
D
A
D
D
D



Prova 1º ano - Barroco

Avaliação de Literatura – 1º ano – data:___ /___ /___ Valor: 10,0 – Nota:___
aluno(a): _______________________________________ nº: _________ turma: 01

Conforme estudamos, nos cem primeiros anos de colonização da América portuguesa, os textos escritos prestaram- se a dois propósito: catequizar os índios e informar o povo português sobre as riquezas e peculiaridades do Brasil. Produziam-se, então, a literatura jesuítica (ou catequética) e a literatura de informação.

1)      Assinale a alternativa incorreta em relação à Carta, de Pero Vaz de Caminha:
a)      Documento literário que apresenta a certidão de nascimento do Brasil e a primeira visão de um colonizador sobre a terra recém-descoberta.

b)      Narrativa de viagem que procura exaltar as qualidades naturais da nova terra para informar o rei sobre a necessidade de colonização.

c)      Crônica descritiva sobre a terra recém-descoberta que valoriza o nativismo e inicia o indianismo na literatura brasileira.

d)      Espécie de diário de viagem que procura destacar os usos e costumes dos nativos como atitudes de um povo selvagem e de difícil aculturação.

2)      (Fuvest – SP) Entende-se por literatura informativa no Brasil:
a)      O conjunto de relatos de viajantes e missionários europeus, sobre a natureza e o homem brasileiros.
b)      A história dos jesuítas que aqui estiveram no século XVI.
c)      As obras escritas com a finalidade de catequese do indígena.
d)      Os poemas do padre José de Anchieta.
e)      Os sonetos de Gregório de Matos.

3)      (UFRN) a obra de Gregório de Matos — autor que se destaca na literatura barroca brasileira — compreende:
a)      Poesia épico-amorosa e obras dramáticas.
b)      Poesia satírica e contos burlescos.
c)      Poesia lírica, de caráter religioso e amoroso, e poesia satírica.
d)      Poesia confessional e autos religiosos.
e)      Poesia lírica e teatro de costumes.

4)      (UFRS) Considere as seguintes afirmações sobre o Barroco brasileiro:
  I.      A arte barroca caracteriza-se por apresentar dualidades, conflitos, paradoxos e contrastes, que convivem tesamente na unidade da obra.
II.      O conceptismo e o cultismo, expressões da poesia barroca, apresentam um imaginário bucólico sempre povoado de pastoras e ninfas.
III.      A oposição entre reforma e contrarreforma , expressa, no plano religioso, os dilemas de que o Barroco se ocupa.
Quais estão corretas?    A)Apenas I.    b) Apenas II.     C) Apenas III.     D) Apenas I e III.      E) I, II e III.

5)      (PUCC – SP)
“Que falta nesta cidade? Verdade.
Que mais por sua desonra? Honra.
Falta mais que se lhe ponha? Vergonha.
            O demo a viver se exponha,
Por mais que a fama a exalta ,
Numa cidade onde falta
Verdade, honra, vergonha.”

Pode-se reconhecer nos versos acima, de Gregório de Matos,
a)      O caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço de uma crítica, em tom de sátira, do perfil moral da cidade da Bahia.

b)      O caráter de jogo verbal próprio da poesia religiosa do século XVI, sustentando piedosa lamentação pela falta de fé do gentio.

c)      O estilo pedagógico da poesia neoclássica, por meio da qual o poeta se investe das funções de um autêntico moralizador.

d)      O caráter de jogo verbal próprio do estilo barroco, a serviço da expressão lírica do arrependimento do poeta pecador.

e)       O estilo pedagógico da poesia neoclássica, sustentando em tom lírico as reflexões do poeta sobre o perfil moral da cidade da Bahia.

6)      (UFPI-PI) A partir de duas figuras proeminentes do Barroco brasileiro, identifique a que autor se refere cada uma das afirmações a seguir:
1-      Gregório de Matos      2-   Pe. Antônio Vieira

(       ) Satirizando a sociedade da época, este advogado/poeta baiano do século XVII abordou também em sua poesia temas sacros e líricos.

(       ) Orador sacro famoso na Bahia do século XVII, foi também conselheiro do rei de Portugal. Em seus sermões, defendeu os índios e criticou os costumes dos colonos.

(       ) Com retórica bem trabalhada, usava uma linguagem rebuscada, com silogismos e figuras de linguagem, tendo sido predominantemente conceptista, abordando questões morais e políticas.

(       ) foi denominado Boca do Inferno devido a seu humor cáustico e contundente, expresso nos poemas satíricos.

A seqüência correta é:
a)      1,2,2,1          b) 2,2,1,1       c) 1,1,2,2           d) 2,1,1,2               e) 1,2,1,2

Preencha o gabarito abaixo:

01
02
03
04
05
06
 







Boa prova!
Eva A. Teixeira


  
01
02
03
04
05
06
 D
A
C


domingo, 4 de setembro de 2011

Atividades com letras de músicas

Pedro pedreiro - Chico Buarque


Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém
Pedro pedreiro fica assim pensando

Assim pensando o tempo passa e a gente vai ficando prá trás
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol esperando o trem,
Esperando aumento desde o ano passado para o mês que vem
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém

Pedro pedreiro espera o carnaval
E a sorte grande do bilhete pela federal todo mês
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem
Esperando a festa, esperando a sorte
E a mulher de Pedro, esperando um filho prá esperar também
Pedro pedreiro penseiro esperando o trem
Manhã parece, carece de esperar também
Para o bem de quem tem bem de quem não tem vintém

Pedro pedreiro tá esperando a morte
Ou esperando o dia de voltar pro Norte
Pedro não sabe mas talvez no fundo
Espere alguma coisa mais linda que o mundo
Maior do que o mar, mas prá que sonhar se dá
O desespero de esperar demais

Pedro pedreiro quer voltar atrás, quer ser 
Pedreiro pobre e nada mais, sem ficar
Esperando, esperando, esperando, esperando o sol
Esperando o trem, esperando aumento para o mês que vem
Esperando um filho prá esperar também
Esperando a festa, esperando a sorte,
Esperando a morte, esperando o Norte
Esperando o dia de esperar ninguém,
Esperando enfim, nada mais além
Da esperança aflita, bendita,
Infinita do apito de um trem
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando
Pedro pedreiro pedreiro esperando o trem
Que já vem...
Que já vem...
Que já vem...

Após ler a música acima, tente responder as seguintes questões:

1)      Quem é Pedro, personagem da música de Chico Buarque?
2)      Por que a personagem se chama Pedro?
3)      O que você entende da seguinte passagem de Pedro pedreiro: “esperando o sol, esperando o trem, esperando aumento desde o ano passado para o mês que vem”?
4)      Quantas vezes o verbo esperar e suas conjugações são repetidos na música? Que efeito de sentido essa repetição provoca?
5)      Reescreva a 5ª estrofe da música, de “Pedro pedreiro” até “apito de um trem”, evitando repetir a palavra “esperando”. Feito isso, compare a sua versão com a versão original. Elas provocam o mesmo impacto no leitor? Explique.
6)      Por que o verbo esperar é usado predominantemente no gerúndio?
7)      Os versos: “Pedro pedreiro tá esperando a morte//Ou esperando o dia de voltar pro Norte” retratam a realidade de muitos brasileiros. Quem são eles e que realidade é essa?
8)      Que sentidos podemos atribuir à palavra “norte” usada nesse texto?
9)      Por que Pedro pedreiro “quer voltar atrás, quer ser pedreiro pobre e nada mais”?
10)   Quando se diz: “Pedro não sabe, mas talvez no fundo//Espere alguma coisa mais linda que o mundo”, que coisa mais linda poderia ser essa?
11)   O verso: “Esperando um filho pra esperar também” revela um ciclo difícil de se romper no Brasil. Que ciclo é esse? Por que ele acontece e como ele poderia ser quebrado?
12)   O que nos sugere o efeito sonoro produzido pelo final da música: “que já vem...// que já vem...// que já vem... que já vem...”?
13)   Pode-se dizer que Pedro pedreiro é um homem esperançoso? Justifique sua resposta.
14)   Imagine agora que o trem que Pedro pedreiro tanto esperara chegou. O que você acha que aconteceu? Ele entrou ou não no trem? Tente, em grupos, criar uma forma de mostrar como ficou a vida de Pedro pedreiro 10 anos depois de sua decisão.

Acesse o link: http://www.letras.ufmg.br/redigir/

Interpretação de texto - Perfil

O texto que você vai ler é o perfil do ator e músico Sérgio Loroza, retirado da revista Raça Brasil.

Perfil é um gênero de texto que apresenta um conjunto de informações sobre uma pessoa. É diferente da biografia, por ser um texto mais informal e mais resumido. O perfil, normalmente, é publicado em sessões de cinema e de música, e em revistas semanais.

PERFIL
U MADUREIRA
O ator e músico SÉRGIO LOROZA experimenta a fama conquistada com a televisão sem deixar de conciliar as duas carreiras, além do seu empenho a causas sociais.

Sérgio Loroza nasceu prematuro, mas desde que deixou a incubadora e subiu pela primeira vez o Morro de São José, no subúrbio carioca de Madureira, não parou mais de crescer e de aparecer. “Fui Serginho só quando nasci. A partir daí passei a ser Serjão. Comecei um trabalho de engorda que não parou até hoje”, diverte-se o dono de exagerados 180 quilos, acondicionados em 1,83 m de altura.
Sim, ele chama a atenção por onde passa, mas já se vai longe o tempo em que marcava presença só pelo seu tamanho. Hoje, ele chama a atenção menos pela circunferência do que pela
competência como músico e ator. A popularidade mesmo, porém, só veio com o bem-humorado,
mulherengo e um tanto mau-caráter dono da agência de empregos do seriado A diarista, da Rede Globo.
Para chegar onde está agora, foi com a cara e a coragem. Serjão estudou Química na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro durante dois anos, foi auxiliar técnico de operações e promotor de vendas. Nos anos 90, cheio de talento para dar, mas sem nenhum incentivo da empresa em que trabalhava, deixou o emprego para apostar no sonho de ser artista. Apoiado em capacidade-voracidade-sorte, tornou-se ator, com experiência em TV, teatro, cinema, e músico apaixonado pelo som pop mundial. No palco ou nas telas, os personagens de Serjão normalmente arrancam gargalhadas. Carregam muita energia positiva emprestada pelo ator, que chegou aos 39 anos de idade, cultivando perseverança e bom-humor.

“VIVA A UTOPIA”
A infância na comunidade carente lhe revelou as faces da pobreza e da violência, das quais
ele teve a dádiva de retirar apenas a experiência de vida. “De onde eu vim muitos amigos já morreram ou estão presos”, conta. “Não me considero em nada melhor do que eles. Só tive a sorte de ter uma família me apoiando, de nascer com um dom e de poder desenvolvê-lo”, acrescenta. “Eu me tornei artista para revolucionar e quero servir de bom exemplo. Não me conformo com o mundo como está. Desejo ver a mesma proporção de negros e brancos nas escolas e nas platéias de teatro. Viva a utopia”.
Apesar dos passos trilhados pela Química e pelas vendas, o pendor para as artes vem de bem antes, ainda garoto. Já no início dos anos 80 ele estudava violão e pouco tempo depois entrou para o grupo de teatro da Igreja de Santo Sepulcro, em Madureira. “Em 1985, fiz a minha primeira peça amadora”, relembra. “Subi ao palco antes mesmo de assistir a um espetáculo.” Foi assim que, de grupo em grupo, de peça em peça, a bola-de-neve artística se avolumou, até chegar a participações e pequenos papéis em espetáculos, como Cabaré Brasil e Obrigado, Cartola!, além de longas-metragens como Orfeu, Bossa nova e Carandiru, sem contar minisséries, programas humorísticos e novelas da Globo (...)
(Adaptado de Revista Raça Brasil, ed. 98, maio/2006. Disponível em http:// racabrasil.uol.com.br/Edicoes/98/artigo17492-1.asp).


Construindo sentidos para o texto
1. Numere os fatos na ordem em que aconteceram na vida de Loroza:
( 3 ) Estudou Química na Universidade Federal do Rio de Janeiro.
( 5 ) Conseguiu fama em programas humorísticos e novelas da Rede Globo.
( 1 ) Viveu sua infância no subúrbio carioca de Madureira.
( 2 ) Estudou violão e participou do grupo de teatro da igreja.
( 4 ) Abandonou o emprego para tentar a carreira de artista.

2. Releia:
“Hoje, ele chama a atenção menos pela circunferência do que pela competência como músico e ator”.
De acordo com o texto, isso significa dizer que:
(    ) Serjão é bastante discriminado por sua aparência física.
(    ) A competência artística é o que mais impressiona as pessoas em relação a Serjão.
(    ) Serjão passa despercebido entre as pessoas.

3. Numere cada frase, de acordo com o que está informado:
( 1 ) A informação refere-se apenas a Sérgio Loroza.
( 2) A informação refere-se também a um dos personagens de Sérgio Loroza.
( 2 ) “A popularidade mesmo, porém, só veio com o bem-humorado, mulherengo e um tanto mau-caráter dono da agência de empregos do seriado A diarista, da Rede Globo”.
( 1 ) “Para chegar onde está agora, foi com a cara e a coragem”.
( 1 ) “Eu me tornei artista para revolucionar e quero servir de bom exemplo”.

4. Leia o verbete utopia, adaptado do Novo Dicionário Aurélio:

Utopia. 1. País imaginário, criado pelo escritor inglês Thomas Morus, onde um governo organizado proporciona ótimas condições de vida a um povo equilibrado e feliz. 2. Descrição de qualquer lugar ou situação ideal, em que as normas e instituições políticas sejam muito aperfeiçoadas. 3. Projeto que não se pode realizar, sonho, produto da imaginação, fantasia.

No texto, Sérgio Loroza afirma:
“Eu me tornei artista para revolucionar e quero servir de bom exemplo. Não me conformo com o mundo como está. Desejo ver a mesma proporção de negros e brancos nas escolas e nas platéias de teatro. Viva a utopia”.
Responda:
a) Qual é a utopia de Loroza?

Atividade retirada do Manual do Educador - Estudos Complementares do Projovem urbano